Rez Max Schmitt, enfim!

Ontem (01/09/09) ocorreu a rentré. Todos os estrangeiros que participarão do Duplo chegaram pra receber as chaves de seus apartamentos. Eu peguei as minhas após uma rápida inspeção junto com o zelador. O apartamento é localizado no primeiro andar, serve para duas pessoas, tem dois quartos separados e uma cozinha e um banheiro comuns. É banheiro mesmo, não tem essa esculhambação de "salle de bain" e "WC", que é o padrão por aqui. Espero que meu colega francês, que chegará junto com todos os franceses na segunda feira que vem, não seja nem chato nem fedorento, muito menos ambos!

Depois da entrega das chaves aconteceu um "churrasco", já que um churrasco francês não merece ser escrito sem aspas. O evento foi organizado pelo Bureau des Étudiants (BDE), algo como um grêmio estudantil, e a comida era basicamente pão, salsicha (ou linguiça ou seja lá o que aquele troço era...), maionese e catchup. Para beber: suco de maçã, laranja, abacaxi, 12 frutas diferentes que eu não me lembro e ao mesmo tempo num suco só ou energético Burn. Estavam presentes no evento tanto veteranos quanto calouros. Eu tentei falar o máximo possível o francês e evitar ficar em rodinhas de brasileiros. Falei com um bom punhado de pessoas de nacionalidades diferentes. O caso mais engraçado foi quando eu falei com uma veterana da Hungria: quando eu disse que eu era de Fortaleza ela arregalou os olhos, riu e desconversou. Perguntei o que tinha acontecido e a resposta dela, que eu aqui resumo em poucas palavras, foi: "os brasileiros de Fortaleza que eu conheci eram todos uns galinhas". Eu já tenho uma reputação e tanto, para mal ou para bem, forjada pelos meus veteranos de Fortaleza...

Vou tentar fazer um panorama rápido dos estrangeiros da minha turma. A maior parte é composta de brasileiros. É extremamente fácil NÃO falar francês aqui, pois para todo lado que eu olho há brasileiros e rodinhas de brasileiros. É preciso fazer um esforço fenomenal para falar francês e por enquanto poucos são os que fazem, entre os quais eu me incluo. Tem até alguns poucos brasileiros conversando entre si em francês para não ficar falando direto o português.

Em seguida, o segundo grupo mais numeroso é de chineses. Alguns deles adotaram nomes ocidentais como Stella ou Paul para facilitar nossa vida, ainda bem. Eles também estão sempre em grupo e a maior parte fala sofrivelmente o francês. Não tenho nem idéia de quantos são também. Não parei para contar.

Há também dois japoneses, dois homens. Um deles fez o percuso de Vichy a Paris de bicicleta há duas semanas e foi destaque na imprensa francesa e tem jeito de ser meio louco, mas acho que isso era fácil de deduzir. Ambos são bem legais e falam bem o francês, ainda que tenham aquele probleminha conhecido com o "R" e com o "L". Eles me chamam de "Angerô".

Há ainda dois russos, uma mulher e um homem. O cara é engraçado e é sempre o que tem a iniciativa. Nos deslocamentos em grupo ele está sempre à frente. A garota, e o séquito de homens atrás dela, daria um belo objeto de estudo para aqueles que se interessam pela Teoria dos Jogos.

Há também dois mexicanos, que pouco falam, pouco se enturmam e falam um francês compreensível, mas com um sotaque marcadamente hispânico. Quem porventura escutá-los falando poderá achar que é espanhol, mas depois de prestar atenção às palavras é possível perceber que eles estão falando francês. Também latino, mas muito mais enturmado, um chileno de aspecto meio roots faz parte da turma.

Há um alemão de uma cidadezinha perto de Munique. Conversei um bom tempo com ele ontem. Antes de estudar engenharia ele era operário e eu acredito que ele seja o mais velho da turma. Ele anda muito com os brasileiros e sofre bastante quando a galera começa a falar português e esquecem que ele está ali.

Por fim, há uma húngara que veio de Budapeste com a família de carro depois de três dias de viagem. A família dela trouxe comida o suficiente para umas 3 pessoas por um mês. Ela está sempre com brasileiras e também sofre do mesmo mal que o alemão. Um detalhe: ela não estudava engenharia antes de vir pra cá, mas física.

Voltei para a residência e tive uma dificuldade incrível com o chuveiro e a banheira (sim, aqui tem uma banheira). Ao fim do banho eu tinha minha própria piscina particular dentro do apartamento. Não sei se foi por ter dormido às 5:30 da manhã no dia anterior para lavar roupas, ou pela quantidade de energéticos que eu tomei, mas eu estava sem sono quando o churrasco terminou. Depois de arrumar meu quarto saí da residência de madrugada e fiquei perambulando em volta dela, dentro do terreno. Boa parte do tempo olhei o céu daqui, para comprar com o do hemisfério sul. Durante esse tempo ouvi alguns barulhos e vi uns vultos no jardim. Me aproximei e vi que era um bichinho, um roedor, de uns 20 cm de comprimento, bem redondinho e cheio de espinhos. Vi também o que acredito ser um esquilo, mas passou rápido demais para que eu identificasse e a escuridão não ajudou.

Retornei ao meu apartamento e inventei de dar uma de machão: dormir só de bermuda, como fazia no Brasil. Depois de um tempo isso ficou impossível e mesmo agasalhado eu sentia frio. Dormia feito um charuto, com uma pate do corpo na cama e a outra apoiada na parede. Ainda durante a noite, eu resolvi que um travesseiro e um cobertor estariam entre minhas prioridades de compras de hoje.

Hoje tivemos uma apresentação rápida dos professores e funcionários que lidarão diretamente conosco. Também ficamos a par de todos os procedimentos burocráticos que devemos fazer e de todas as taxas que devemos pagar. Os bolsistas da Egide não precisam pagar quase nada. Por outro lado, eu, que tenho um terço da bolsa deles, e os bolsistas da Capes, que têm metade, devemos pagar taxas consideravelmente altas. C'est vraiment ennuyant!

Minhas primeiras impressões sobre a escola foram muito boas, a infraestrutura parece excelente. E só o fato de haver duas máquinas de café e chocolate quente (apenas 0,40€ o copo!!!) já vale pra estudar aqui. Hehehe. Brincadeira.

5 Responses to “Rez Max Schmitt, enfim!”

Clara Bez. disse...

Moooço, quanta novidade!
Deve ser muito engraçado os japoneses te chamando de "Angerô". =D
Poxa, os brasileiros vão dominar o mundo mesmo, é?? Do jeito q está aí, vcs vão cair na tentação de falar português direto.
Hum... vc falou banheira? Que luuxo! E é verdade aquela história de q o aparelho sanitário é colado ao chão? Fiquei curiosa...
Quanto à escola, a condição básica pra valer a pena estudar aí talvez não sejam as máquinas de café e chocolate quente, mas existir banheiros! Hehehehe. Brincadeira. =D

Unknown disse...

Angelim,
O problema com a banheira foi a válvula que controla ao mesmo tempo o enchimento dela e a abertura do chuveiro, bem como a temperatura da água?
Aureo

Não, pai. Havia duas manoplas, uma para água fria e outra para água quente, mas a água saía somente por uma torneira que servia para encher a banheira.

Eu não conseguia fazer a água sair pela ducha, aqui não há chuveiro. Havia um botão preto junto às manoplas que eu tentava apertar, mas depois de muito tempo entendi que devia puxá-lo. Ainda assim, ele só funciona quando há um certo fluxo de água, com as válvulas fechadas o botão não faz nada.

Anônimo disse...

Faz teu blog no wordpress =P
lá tem galeria de fotos e outros widgets, além de templates mais interessantes.

Aurim

Bruno Bez disse...

ahoeihaua.. mah.. em todo canto ce vai encontrar essas tais banheiras. e os estrageiros sempre boiam quando andam com brasileiros, eu sempre tentava ficar mais tempo com eles que com o brasileiros, pra que eles nao desistam de andar no nosso grupo. A essa altura, a sua dupla ja deve ter chegado. posta algo aqui pra gente saber! vlw

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