A Fanfrale

Muito bem, o blog andou meio largado às moscas. Peço perdão por isso e aproveito para escrever um post sobre uma das (boas) razões da minha ausência. Aqui na escola existe uma banda de instrumentos de sopro (uma fanfarra) chamada Fanfrale, "La fanfarre de l'École Centrale". Uma das minhas ambições mesmo antes de entrar aqui era participar da Fanfrale.

Pois é, entrei. Fácil assim? Não exatamente, é melhor contar por partes. A Fanfrale é um grupo heterodoxo, não se trata de apenas de tocar determinadas músicas e pronto. Os músicos do grupo se vestem de maneira esdrúxula, com roupas esfarrapadas, bregas e berrantes. Isso faz parte do "espírito fanfarrão", algo que espera-se que todo os integrantes tenham. É algo como estar a um passo do teatro, a outro do circo e a outro da desmoralização pública e sentir-se à vontade com isso.

E como se entra na Fanfrale? Em tese é só chegar e entrar. Não existe um exame de aptidão nem nada do tipo. Quer dizer, oficialmente... Os veteranos nos diziam continuamente que a Fanfrale é um estilo de vida associativa que exige dedicação e também identificação com a identidade do grupo. Trocando em miúdos: para ser aceito é preciso comparecer a todas as soirées que eles organizam durante o período de integração, e não foram poucas. E os caras são hardcore, bebem bastante e se você estiver sem um copo de bebida na mão sem dúvida eles vão colocar algo para você beber. Olha que eu sou chegado em uma cervejinha, mas várias vezes eu usei a desculpa de ir no banheiro pra jogar o excesso de bebida na privada.

O ápice da integração foi o Appartathlon da Fanfrale. Tratava-se de uma soirée análoga ao Appartathlon da escola, salvo que foi feita nos apartamentos dos membros veteranos da Fanfrale. Em cada apartamento havia uma bebida diferente e o consumo era obrigatório. Cerveja, vinho, vodka e tequila (pra terminar). Fora as várias brincadeiras idiotas que os veteranos faziam e cuja maior parte eu me recusei a fazer.

Terminado o período de integração, as coisas se acalmam. Os fanfarrões são as pessoas mais sérias que se pode imaginar quando o assunto é trabalho. Temos ensaios duas vezes por semana nas noites de quarta e sexta e o clima de brincadeira é frequentemente trocado pela disciplina marcial. É nesse momento que entra o outro aspecto da seleção natural, pois temos que nos virar para aprender as músicas seja de ouvido ou com as partituras. Temos prazos para aprendê-las e vale lembrar que a Fanfrale assina contratos de apresentação e é extremamente necessário estar bem treinado. Só fica então quem é dedicado e aguenta o rojão.

Alguns de vocês devem estar se perguntando o que eu toco, já que o único instrumento de sopro que eu tocava (ou fingia que tocava) no Brasil era a gaita e ela não faz parte dos instrumentos da Fanfrale. Pedi para tocar saxofone, embora não soubesse tocar, não houvesse um sax para mim e houvesse já bastantes saxofonistas no grupo. Dependo de empréstimos para poder treinar e além de aprender as múcas eu ainda me deparo com o desafio de aprender um novo (e difícil) instrumento. Todos os novatos que entraram no grupo agora tocam e possuem seus instrumentos há algum tempo, salvo eu e o Thiago. Ele está passando pelo mesmo processo, mas com uma tuba.

E apesar de todos os obstáculos o que eu estou achando? Fantástico. Não foram poucas as vezes que eu pensei em desistir, fosse pelo aprendizado do instrumento e das músicas, fosse pelas atitudes dos veteranos, confesso que toda vez que eu via a Fanfrale tocar eu renovava meu entusiasmo. Sobretudo quando eu fui para a primeira hyénage do ano. Uma hyénage é uma apresentação no centro da cidade com o objetivo de conseguir dinheiro. Resumindo: a gente toca em troca de esmolas, vende cds e deixa os cartões de visitas e os adesivos disponíveis. Todos foram vestidos como fanfarrões, mesmo os novatos. Não tocamos, apenas dançávamos e arrecadávamos a grana. E foi muito foda. Os veteranos disseram que foi uma dia magro, pois arrecadamos "apenas" 293,00 €. Dinheiro que, entre outras coisas, vai servir para comprar novos instrumentos para a Fanfrale, o que significa que vou ter um sax para treinar.



No sábado passado me apresentei com o grupo pela primeira vez. Toquei apenas duas músicas com o sax, as duas únicas que eu sabia. Nas demais eu apenas fiz um teatrinho com uma tuba quebrada, fingia que tocava alguma coisa. Para que melhor?

2 Responses to “A Fanfrale”

Malu disse...

Ainnnn ... adorei a foto *.*
hauhauha

Qdo é q vou te pertubar de madrugada de novo? hauhauhauahau

=*

Raphael Baptista disse...

Tah uma gracinha de saia... huahuahauhaua ae.... o cmte lah da escola q trocou de sexo..(lembra?) tocava sax e começou assim... usando saia rsrsrs... zuando... rsrs Boa sorte nesse empreitada! e sucesso!

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