14 de julho

Em 1789 os revolucionarios tomaram a Prisao da Bastilha e o dia da empreitada, o 14 de julho, tornou-se a data da festa nacional francesa.

E aqui estava eu em Paris , curtindo meu feriado, encontrando os amigos... Resolvi assistir ao desfile militar na Avenida Champs Elysées. Nada de especial em assistir a um defile militar, na verdade. Mas essa experiência toda tem sido uma fonte inesgotavel de frases do tipo "aqui foi a primeira vez que eu fiz..." e eu resolvi adicionar à lista:

"Foi na França a primeira vez que eu participei de um desfile militar como expectador"


Apos oito anos desfilando e mais metade desse periodo abominando quase qualquer coisa de origem militar, eu resolvi quebrar o jejum. Fui para avenida com meus amigos da Escola, alguns deles de passagem e outros estagiando como eu. Vi tudo o que eu ja conhecia, mas dessa vez pelo outro lado da cerca.

Alguns fatos merecem ser observados:
  • O calor é o mesmo do lado de fora e, embora nao estivesse trajando um uniforme de gala, a proximidade da multidao potencializava o efeito...
  • Falando em multidoes: estar no meio de uma multidao na França durante o verao pode ser uma experiencia traumatica para o seu sistema olfativo.
  • Para conseguir um bom lugar no publico é necessario sofre quase o mesmo tanto que o pessoal que desfila, mas sem o glamour de ser aplaudido.
Conclusao: tirando as semanas de preparaçao para o desfile e todo o sofrimento da vida militar, é muito mais confortavel desfilar que assistir ao desfile.

Intrigante mesmo foi o quanto o desfile me agradou. Apos uma longa espera sob o sol, o desfile começou ao mesmo tempo em que o céu começou a desabar em toneladas de chuva. Melhor pra mim, pois enquanto as pessoas se abrigavam eu ia conseguindo um local cada vez melhor para assistir (e roupas que rapidamente foram de molhadas a encharcadas).

Primeiramente aconteceu o desfile da Aeronautica, mas sob nossas cabeças. Pelo menos 50 aeronaves passaram sob a avenida, sendo o primeiro grupo formado por nove caças que pintaram as cores da França com fumaça sobre os Champs Elysées. Foi realmente deslumbrante, ao menos para um apaixonado por aviaçao como eu, ver a silhueta de um Rafale passar sobre mim e escutar o ronco das suas turbinas.

Em seguida, um regimento de cavalaria com ao menos 100 cavaleiros e uma banda montada inclusa abriram o desfile de terra. Eles foram seguidos de grupamentos de exércitos de naçoes africanas convidadas para o desfile. Todas elas ex-colonias francesas comemorando 50 anos de independencia.

Os grupamentos se seguiram, um a um, sem obedecer a uma ordem precisa de Marinha-Exército-Aeronautica-Policia-Bombeiros como no Brasil. Escolas de cadetes, grupamentos de montanha, alunos de escola de engenharia... O que se percebia logo de cara é que dentre todas as forças os bombeiros sao os mais admirados por aqui e foram os unicos que foram consistentemente aplaudidos.

O desfile a pé se encerrou com a Legiao Estrangeira, a tropa que eu mais queria ver. A Legiao marcha na cadencia de uma cançao deles, bem lenta, bastante particular... Eles marcham numa velocidade muito inferior à de todos os demais grupamentos e, por essa razao, eles fazem um percurso menor para nao atrapalhar o desfile. Eu dei o azar de me posicionar antes do local de entrada da Legiao e a unica coisa que eu vi deles foi as nucas.

O regimento de cavalaria passou mais uma vez, desta vez anunciando o desfile motorizado. Foi muito interessante ver os carros, os blindados e os tanques, mas confesso que nao me empolgou tanto quanto o desfile a pé.

Findo o desfile em terra, novo desfile no céu. Diversos esquadroes de helicopteros passaram sobre a avenida e sob uma chuva assustadoramente grossa. Apos a passagem do ultimo grupo de helicopteros, o sol deu as caras (obrigado, Murphy) e um derradeiro helicoptero passou la no alto projetando para-quedistas. cada um deles trazia uma bandeira de um dos paises africanos convidados.

Na entrada do metro, no meio da multidao que tentava deixar o lugar eu vi que meu celular tinha entrado em coma... Fui com o pessoal do até um McDonald's e pegamos (muita chuva) saindo do metro. Ressucitei o meu aparelho com a ajuda do secador elétrico do banheiro. para completar o programa de indio, voltamos de onibus porque o metro inundou com tanta agua.

Retornei à Maison des Arts et Métiers, onde estou hospedado, e descansei praticamente a tarde inteira e o começo da noite. Meus colegas planejaram de ir à Torre Eiffel para ver a tradicional queima de fogos, marcada para as 23:00. Horario previso de chegada: 20:30. Eu ja estava farto de muvuca por aquele dia e decidi ir com o pessoal da ENSAM para um local mais afastado, mais calmo e onde poderiamos chegar mais tarde. Confesso que eu fiquei com inveja da galera da Centrale que foi para perto, pois foi espetacular. De onde estavamos vimos que foi fantastico, mas tenho certeza que para aqueles que estavam aos pés da torre a experiência deve ter sido no minimo arrebatadora...

penso que agora entendo porque eu desaconselho o Reveillon em Paris. Acho que porque eu esperava ver na virada do ano um espetaculo comparavel ao que eu vi ontem...

One response to “14 de julho”

V. M. Carvalho disse...

Angelo,
sou Vitor Martins e sou aluno da engenharia mecânica da UFC! vou para o quarto semestre agora. Do mesmo modo que você, fui do pet; mas passei apenas 8 meses antes de sair.

Fiquei sabendo que você foi o último representante do nosso curso a ser selecionado para o Duplo diploma! (parabens!!)

Gostaria de te saber como foi o teu processo de seleção, como foi a entrevista, oq tu acha que foi crucial pra tu conseguir, etc.

Tu pode me dar algumas dicas?! =D

Desde já obrigado.

ps: Se preferir, responda por email: vitormartins00@gmail.com

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