Residência no segundo ano: post emocional

Foi difícil, mas conseguimos um apartamento. Foi um processo longo e cheio de percalços, incluindo a dissolução do grupo inicial de locatários, um acordo verbal descumprido por proprietários de um apartamento que nos interessava (desconfiamos seriamente de xenofobia) e uns bons momentos de desespero. Finalmente, no início deste mês conseguimos o apartamento.


Verdade seja dita, ele não corresponde à nossa idéia inicial para a moradia do segundo ano. Esperávamos morar em algum lugar entre o centro e a escola e de preferência com um jardim. Terminamos encontrando um apartamento a três paradas do centro, mas na direção oposta à escola. Somos entre os estrangeiros aqueles que morarão mais longe. Falando em estrangeiros, esqueci de falar logo de cara que a nossa colocação é formada exclusivamente de estrangeiros. Um cearense, um carioca (Thiago), um russo (Vladimir) e uma húngara (Katinka).

Achar o apartamento, pagar um seguro, dar um cheque caução, mobilhar, conseguir um fiador, instalar internet, religar a energia elétrica... É tanta coisa que em pouco tempo nos estressamos e temos a impressão de que vamos enlouquecer. E logo em seguida somos arrebatados por outro sentimento, uma alegria imensa: fomos nós que encontramos o apartamento, somos nós que o estamos mobilhando, nós que resolvemos os problemas. Uma sensação de responsabilidade, mas de independência também.

Isto é outro indício, entre tantos outros que essa jornada vem mostrando, da chegada da idade adulta. E ao mesmo tempo a valorização de tudo isso, não é o apartamento que nós queríamos, inicialmente mas é o NOSSO apartamento e cada parede, cada canto passa a ser valorizado. Aos poucos o cheiro do carpete se torna familiar, a fachada virada para o sul, a vizinhança. Vamos nos acostumando a chamar o lugar de "chez nous" (nossa casa), algo que causava estranheza no início mas que agora vai se tornando cada vez mais palpável à medida que os móveis vão sendo comprados e montados. O lugar começa a realmente ficar com a nossa cara e pensar nele passa a ser algo alentador.



Não sei por que, mas meu quarto na residência nunca me fez sentir como se estivesse em casa. Ele sempre me pareceu um quarto alheio. Meu quarto no apartamento novo é diferente. Eu sou capaz de passar uma boa meia hora sentado no carpete de um quarto vazio imaginando onde vou pôr a cama, a escrivaninha, as luminárias e é impossível reprimir um sorriso.

Começo a ficar chato com meu lenga-lenga e meu caso de amor com esse apartamento. Terminemos este texto com fatos. O apartamento se localiza na Ile de Nantes, ilha onde fica boa parte do centro empresarial de Nantes, ao lado do centro da cidade e bem próximo da fronteira sul com as cidades da região metropolitana (ver mapa). Temos 85 m² de área habitável no nível superior, distribuídos em três quartos, uma sala de estar (transformada em quarto), uma pequena sala de jantar, uma cozinha, um WC e uma sala de banho. No térreo uma garagem para dois carros que será aproveitada para os mais diversos fins: garagem de bicicletas, depósito, área de serviço e o lugar onde eu vou colocar minha máquina de remar para que eu e o Vladimir nos exercitemos.

Desculpem-me por este texto meloso e obrigado por me deixarem (ou não) compartilhar isso com vocês.

Aos novatos de Nantes e de outras cidades também, saibam que vocês são muito bem-vindos e que poderão nos visitar quando quiserem.

É isso aí!






2 Responses to “Residência no segundo ano: post emocional”

Clara Bez. disse...

Fazendo analogia, o 3º parágrafo descreveu mais ou menos o que andei passando nos últimos dias e anos, respectivamente.

Bom identificar um lugarzinho com "seu", né? Agora acho que vocês desejaram uma casa boa demais pra quem é estudante "de passagem" na frança. A localização é bem importante, mas o jardim exige uma casa maior... e mais cara, não?

=P

A leitora disse...

o texto estava bom, fluindo bem, apesar da melação toda.
mas devo te dizer: perdeu a linha no final.
um post emocional é seu direto, mas não se pode abandonar totalmente a racionalidade!

tu tá perdido com esse "quando quiserem", cara. ;p

vou cair de para-quedas aí quando me der na telha!
e ainda vou me achar no meu direito.
hahahahaha

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